sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quase Outro Brasil

Jean Manzon - Colhedora de Cana-de-Açucar - 1950.

Dando uma voltinha pelo mundo de Claude Levi-Strauss, tive um reencontro com a fantástica obra de outros três parisienses que retrataram o Brasil: Pierre Fatumbi Verger, Marcel Gautherot e Jean Manzon.

Pierre Verger - Itapoã, Salvador

Pierre Verger - Frevo, Recife -1947.

Pierre Verger - Frevo, Recife.

Pierre Verger - Roda de Samba, Salvador - 1946

Marcel Gautherot nasceu em 1910 e decidiu conhecer o Brasil ao ler Jubiabá, de Jorge Amado. Chegou aqui em 1939, ficou amigo de figuras comoDrummond, Mário de Andrade, Lúcio Costa e Burle Marx. Fotografa para o Museu do Folclore, para o SPHAN e a revista O Cruzeiro. Além de retratar o povo e a cultura do Brasil, registrou a construção de Brasília de maneira muito original, explorando a luz da arquitetura da nova capital. Uma arquitetura arrojada, que transformava a paisagem urbana. A coleção de Gautherot pertence ao Instituto Moreira Sales e é composta de mais de 25 mil negativos. Faleceu em 1996, no Rio de Janeiro.

Pierre Verger - Porto de Veleiros, Ver-o-Peso - 1948.

Marcel Gautherot - Festa de Nosso Senhor dos Navegantes, Salvador - 1943

Pierre Verger - Salvador

Pierre Verger nasceu em 1902. Foi um bon vivant até os 32 anos, quando descobre a fotografia e a paixão por viagens. Foram 14 anos circulando pelo mundo, produzindo fotos para revistas e jornais franceses. Ao desembarcar na Bahia em 1946, o coração e o olhar de Verger ficam fascinados pela cultura do lugar. Descobre o candomblé, ao seu ver, fonte da vitalidade do povo baiano. Estuda o culto aos orixás e segue para a África em 1948. Quatro anos depois, recebe o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá". É iniciado como babalaô - adivinho através do jogo do Ifá- e tem acesso às tradições orais dos iorubás. A África Ocidental e na Bahia, tornam-se a essência de suas pesquisas e obra. Em 1988, Verger cria a Fundação Pierre Verger e transforma a própria casa em centro de pesquisa. Morreu em Salvador, em 1996.

Marcel Gautherot - Guerreiros, Maceió - 1945.

Pierre Verger - Bumba-meu-boi, Recife - 1947.

Bloco da Embaixada Mexicana - Carnaval, Salvador - 1951.

Jean Manzon nasceu em 1915 e trabalhou para as revistas Paris Soir, Paris Match e Vu. Com a invasão alemã na França e influenciado pelo cineasta Alberto Cavalcanti, viaja para o Rio de Janeiro em 1940. É diretor de fotografia e cinema no DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Getúlio Vargas. Em 1943, inicia um dueto repleto de aventura, popularidade e polêmica com o jornalista David Nasser na revista O Cruzeiro. Foram oito anos de parceria, reconhecimento e fama. Provocando o olhar e a atenção do leitor com closes carregados de emoção, novos ângulos e enquadramentos, as fotos de Manzon revolucionam o foto-jornalismo brasileiro. Viaja para cada canto do Brasil e dedica grande parte de sua atenção no registro da cultura das nações indígenas do Xingu. A partir de 1952, dirige e produz documentários e na ditadura militar de 64, seus filmes ganham um caráter nacionalista, com elogios às realizações e obras do governo. Recebe o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza, em 1966, pelo filme documentário L'Amazone. Morreu em São Paulo em 1990.

Marcel Gautherot - Baiana.

Pierre Verger - Vendedora de Acarajé, Salvador - 1952.

Para saber mais:
Instituto Moreira Sales - http://ims.uol.com.br
Instituto Pierre Verger - www.pierreverger.org
Acervo Jean Manzon - www.acervojeanmanzon.com.br

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